As diferenças começam na hora de ligar as motos. Na Yamaha Fazer, um toque no botão de partida é suficiente e lá está ela prontinha para sair. Com a Honda Twister, primeiro é preciso checar a posição da torneira do combustível (ausente na Fazer), acionar o afogador, ligar o motor e esperar um pouco para esquentar até que se possa rodar. Ponto para a injeção eletrônica, sem questionamento.
Ambas possuem motor com arquitetura e cilindrada semelhantes, com o acionamento das válvulas feito por corrente. No entanto, os números declarados pelo fabricante dão vantagem para a Twister, que oferece 24 cv de potência a 8.000 rpm e torque de 2,48 kgf.m a 6.000 rpm. Já a Fazer desenvolve 21 cv a 7.500 rpm e 2,1 kgf.m a 6.500 rpm. O responsável por essa diferença chama-se comando de válvulas. Na Twister são quatro válvulas e comando duplo, uma configuração que privilegia a potência em altas rotações. Na Fazer são duas válvulas com comando simples, arquitetura que prioriza o torque em baixas rotações. Apesar do valor máximo ser menor que o da Twister, a injeção eletrônica faz seu papel e ajuda a manter um bom torque desde as baixas rotações. Este comportamento diferente dos motores influencia muito nos conjuntos das motos. Tanto que na Fazer o câmbio possui cinco marchas e na Twister foi preciso utilizar um câmbio com seis marchas, para aproveitar melhor o desempenho do motor em altas rotações.
Qual anda mais?
Chega de teoria. Pista liberada, motores aquecidos, sistema de medição checado... Finalmente, chegou a hora de conferir qual das duas é mais rápida na aceleração de 0 a 100 km/h, se a Twister com sua maior potência ou a Fazer com o torque constante. Fizemos mais de 10 tomadas de aceleração com cada uma delas e em todas ficou evidente que a maior potência fez a Twister ser a moto mais rápida nas acelerações. Levou em média 11,86 segundos para atingir os 100 km/h, quase um segundo a menos que a Fazer, que levou em média 12,85 segundos para chegar a mesma velocidade.
Ainda com o desempenho do motor em foco, a velocidade máxima era outro número a ser conferido. Neste quesito a maior potência da Twister novamente apresentou um resultado melhor que sua concorrente, atingindo os 138 km/h. Nas mesmas condições a Fazer atingiu os 132 km/h. Em descidas a Twister consegue ultrapassar os 150 km/h graças à sexta marcha, que torna a relação final mais longa. O corte de ignição acontece aos 9.700 rpm. Já na Fazer, que mesmo em descidas não passa dos 137 km/h, o motor corta a 10.000 giros.
Para finalizar as medições nas quais o motor é o protagonista, elaboramos duas simulações de retomada, de 40 km/h a 60 km/h e de60 km/h a 80 km/h, todas utilizando a última marcha. Nesta última prova de desempenho a Fazer deu um banho na concorrente, cumprindo a primeira retomada em 5,12 segundos contra 7,93 da Twister. A segunda tomada também foi favorável à Fazer, com 4,87 segundos para acelerar de 60 km/h a 80 km/h, contra 7,09 segundos com a Twister.
Fica provado que o desempenho da Twister é superior ao da Fazer, mas para aproveitar este bom rendimento é preciso manter o motor sempre em alto giro, trocando as marchas com grande freqüência. O preço disso é o aumento do consumo e a exigência de mais operações por parte do piloto. A Fazer, em compensação, apresenta um funcionamento mais dócil e linear, proporcionando bom rendimento deste as baixas rotações e evitando constantes trocas de marchas. A vantagem deste funcionamento está no conforto, por permitir que o piloto troque menos as marchas e tenha à mão um motor sempre esperto.
Segura!
Provada a superioridade do desempenho da Twister chegou a hora de fazer o teste inverso, ou seja, medir qual a distância que as motos levam até parar. Para este teste preparamos três medições com frenagens a partir de 40 km/h, 60 km/h e 80 km/h. Antes de iniciar as medições, as apostas de que o freio da Honda seria superior ao da Yamaha foram unanimidade entre nossa equipe, isso devido à “pegada” inicial do freio em relação ao da Fazer, que sugere um comportamento mais “borrachudo” no início da frenagem.
Pneus
Rodando aos 40 km/h a Fazer precisou de 7,75 metros para desacelerar totalmente, 1,20 metroantes da Twister (veja todas as medições na pág. ao lado). A 60 km/h a vantagem ainda foi da Fazer, que levou 13,12 metros até parar totalmente, 81 cm a menos que sua concorrente. Por último a frenagem a partir dos 80 km/h, quando a vantagem diminuiu, mas ainda a favor da Yamaha, que conseguiu parar em 22,88 metros, contra 23,51 da Honda. Levamos também os pneus à prova no circuito do ECPA. Iniciando as voltas com o pneu ainda frio e aumentando o ritmo à medida que os pneus esquentavam, notamos que os Pirelli Sport Demon utilizados na Fazer aquecem mais rápido e garantem mais aderência desde o início. Já os Pirelli MT 75 utilizados na Twister necessitam de mais tempo para aquecer e em situações extremas os pneus da Fazer ainda ofereciam melhor aderência. Prova disso foram as constantes escorregadas, que atrapalhavam a execução do traçado e algumas derrapadas durante os testes de frenagem. |
Suspensões
As suspensões também tiveram um papel determinante durante os testes de frenagem. A Fazer possui 120 mm de curso nas suspensões dianteira e traseira, configuração esta que ofereceu mais estabilidade durante as frenagens, mantendo a moto sempre equilibrada. Nas frenagens mais bruscas, a Twister tendia a perder a aderência da roda traseira, que levantava com facilidade. Isso se deve ao curso das suspensões maior na frente, com 130 mm, e menor atrás, com apenas100 mm de curso.
Nas curvas mais radicais, onde as suspensões foram também exigidas, e ao passar por pequenas irregularidades na pista, o conjunto pneus e suspensões da Fazer ofereceu estabilidade superior ao da Twister. Mas isso não quer dizer que a Twister também não ofereça boa estabilidade. Simplesmente a Fazer conseguiu ser um pouco melhor e por este motivo o tempo medido das voltas foi equivalente nas duas, uma contornando as curvas com maior velocidade e frenagens mais atrasadas e outra com saídas de curva mais rápidas e maior velocidade nas retas.
Conclusão
A Twister se mostrou mais esportiva graças ao motor que oferece um excelente desempenho, com vantagem na aceleração e velocidade final. Do outro lado, a Fazer vence por oferecer mais segurança e conforto devido ao ótimo conjunto de freios, pneus, suspensões e auxílio da injeção eletrônica.
Você, que está em dúvida entre uma das duas, já pode escolher com base nessas medições. Porém, um dos fatores decisivos é a utilização que dará ao modelo. Quem tem sangue de piloto e usa a moto em viagens sempre com o “gás aberto” tem na Honda Twister a companheira ideal. Já quem busca conforto e segurança poderá optar pela Fazer. Sabemos que os proprietários dessas motos continuarão a “puxar a brasa” para o seu lado, mas de uma coisa temos certeza: os números não mentem.
O teste reafirma: Twister é mais esportiva; a Fazer tem melhor condução
Fonte: Revista Duas Rodas